Contornos - Educação e Pesquisa: materiais
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22 setembro 2024

Coletâneas - Diversidade biocultural na escola

Os livros a seguir são coletâneas de reflexões e discussões elaboradas por membros do Laboratório de Ecologia Humana e Etnobotânica (ECOHE/UFSC) para uso de professores do ensino básico. As obras destacam a importância dos saberes e práticas de povos indígenas e comunidades tradicionais e contêm planos de aula e relatos de experiência que buscam incentivar a discussão e vivência da ciência entre crianças e adolescentes.

Ambas estão disponíveis no site: https://www.etnobiologia.org/editora

É uma obra escrita a muitas mãos, fruto de reflexões e discussões que emanam das trajetórias e vivências de pesquisa de integrantes do Laboratório de Ecologia Humana e Etnobotânica (ECOHE/UFSC). Tais reflexões trazem para um primeiro plano a importância dos saberes, conhecimentos, práticas e perspectivas de povos indígenas, povos e comunidades tradicionais e locais. Esperamos que este material de apoio para professores e professoras do Ensino Fundamental contribua também como um incentivo para que a ciência seja discutida e vivenciada de forma profunda com as crianças e os adolescentes, e que possibilite a formação de sujeitos críticos e com potencial transformador
 
O livro tem sua gênese nos trabalhos finais de um curso de formação online sobre o livro original "Diversidade Biocultural na Escola - reflexões e práticas para professoras e professores". A qualidade dos trabalhos finais do curso e a riqueza das trocas de experiência nos encontros síncronos motivaram os organizadores a estruturar um segundo livro com a participação dos cursistas e a construção deste volume teve como desafio fazer a costura entre as trocas e reflexões de educadores e educadoras em contextos distintos. Neste livro cada leitor pode ler os capítulos na ordem desejada. No entanto, a organização está em ordem crescente de ano escolar, começando por um plano aplicável para todos os anos, seguido de planos direcionados para os anos do ensino fundamental e médio. Assim, esperamos que essas atividades e propostas sirvam como inspiração e como um convite para outras atividades serem pensadas e desenvolvidas, ajustadas a cada contexto, mas sempre respeitando a riqueza da diversidade biocultural brasileira.



12 fevereiro 2024

Como começar uma revisão bibliográfica ou sistemática

Sabemos que em uma pesquisa acadêmica é necessário realizar uma revisão de literatura sobre o tema que envolve o objeto de pesquisa. Em um artigo sobre as causas do plágio em trabalhos acadêmicos, tratei sobre a importância da pesquisa na construção de um trabalho, ainda que simples, para que “tenhamos o que dizer” nos trabalhos que apresentamos. (Veja em: Plágio em trabalhos e relatórios: é preciso entender o que é pesquisa). No entanto, o que é e como fazer uma pesquisa bibliográfica? Por onde começar e como buscar as bases teóricas de uma pesquisa? E o que é uma revisão sistemática?

Primeiramente é preciso destacar que o processo de pesquisa não é linear, apesar de poder ser sistematizado. Trata-se de um vai e vem na medida em que se lê, experimenta visões e entra em confronto com ideias diversas. A definição do objeto fica mais amadurecida depois de algumas leituras, sendo que parte dessas serão bases para se aprofundar e outras são descartadas ao longo do caminho.

Severino (2007) distingue 3 fases do amadurecimento de um trabalho: (1) a fase da invenção, da descoberta e da formulação de hipóteses; (2) a pesquisa em si, podendo ser experimental, de campo e/ou bibliográfica e (3) a formulação amadurecida com o levantamento de fontes e documentos. Assim, há um percurso de exploração, leitura e amadurecimento da proposta e das percepções do pesquisador-autor, para daí se produzir um trabalho acadêmico.

As pesquisas acadêmicas são também pesquisas bibliográficas, pois sempre retomam as bases do tema a ser tratado. Algumas são apenas bibliográficas e outras e realizam também a pesquisa empírica, com dados construídos em trabalho de campo. De acordo com Severino (2007)

A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível de pesquisas anteriores em documentos impressos como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes nos textos (p.122).

A escolha sobre as fontes da pesquisa bibliográfica vai depender de um conhecimento básico sobre o tema e seus fundamentos, de autores clássicos até os mais atuais. Muitas vezes o/a professor/a orientador/a traz algumas sugestões, mas cabe ao estudante também buscar as bases do tema (se já não o conhecer) em planos de ensino das disciplinas relacionadas e referências de trabalhos estudados. O nível de aprofundamento depende do tipo de pesquisa que está sendo realizada (artigo, TCC, dissertação ou tese).

Já em uma pesquisa bibliográfica sistemática, revisão sistemática ou metapesquisa utiliza de palavras-chave e busca de trabalhos em bases de dados, com recortes e filtros como período de publicação, área de estudos, entre outros. Pode haver diferenças procedimentais em cada uma das nomenclaturas e abordagens conforme os autores, mas basicamente apresentam o uso de palavras-chave para busca em bancos de dados e critérios de exigibilidade , ou seja, o que seja incluído ou não na lista de estudos a serem lidos. Essa busca pode ser realizada tanto em bibliotecas quanto em bases de dados digitais (ver exemplos mais adiante).

A leitura dos estudos de revisão sistemática é guiada por perguntas pré definidas que são feitas para cada estudo, conforme o problema de pesquisa. Por exemplo, em um artigo que foi publicado em 2015, realizei uma pesquisa sistemática sobre o que outros estudos dizem sobre a formação de professores para a gestão democrática na escola. Com as leituras, foram formadas categorias a partir dos achados, que depois foram sistematizadas em anotações e arquivos.

No exemplo, realizamos um levantamento junto ao Banco de Teses e Dissertações Capes das produções referentes aos anos de 2011 e 2012. Observamos que, nesse período, foram defendidas 25 dissertações e 4 teses com os termos gestão democrática da educação, gestão escolar democrática e gestão democrática na escola. A intenção era verificar, inicialmente, através dos resumos, os temas e objetos investigados nas pesquisas, além de seus resultados, buscando compreender as tendências na efetivação da gestão democrática na escola. 
 
Apenas com a leitura dos resumos dessa amostra foi possível perceber que nenhum dos trabalhos abordava a relação entre formação inicial de professores e gestão escolar democrática, o que nos trouxe um dado importante para mais questões de pesquisa e aprofundamento. No trabalho completo é possível ver como trabalhamos com a revisão sistemática para entender os caminhos das pesquisas sobre gestão democrática na escola: A gestão escolar democrática na formação inicial do professor: elementos teóricos para pensar a formação política do professor da educação básica

Algumas bases de dados digitais de material bibliográfico mais comuns no Brasil:
  • SciELO - Brasil - É um portal que reúne acesso aos principais periódicos científicos do país, organizados por temas e áreas de conhecimento.
  • LILACS - bvsalud.org - Um abrangente índice da literatura científica e técnica da América Latina e Caribe.
  • Portal de Periódicos da CAPES - Uma plataforma digital que oferece acesso a uma vasta gama de periódicos científicos, artigos, revistas, e outras fontes de informação acadêmica. Desenvolvido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
  • Catálogo de Teses & Dissertações - CAPES - Trata-se de um repositório de dissertações e teses defendidas em universidades brasileiras s, também desenvolvido pela CAPES.

A biblioteca da UDESC elaborou um material informativo sobre revisão sistemática, um guia para quem quer se aprofundar nessa metodologia de pesquisa. Veja em: https://www.udesc.br/bu/manuais/rsl

Existe outro tipo de pesquisa que pode se confundir com a pesquisa bibliográfica que é a pesquisa documental. Trata-se de uma outra metodologia que envolve práticas próprias. Sobre a pesquisa documental, veja este outro artigo: Pesquisa Documental: utilização e abordagens metodológicas

Enfim, muito se poderia falar sobre pesquisa bibliográfica e sistemática, no entanto, o objetivo aqui é aproximar ou reaproximar as pessoas dos procedimentos de pesquisa acadêmica e mais leituras podem ser necessárias para o aprofundamento da compreensão.


Referência:

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23.ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007.

04 março 2023

Organização para estudos na transição do Ensino Fundamental para o Ensino Médio


Todo início de ano letivo é o recomeço de um ciclo nas escolas, o que em muitos casos demanda a condução de um processo de organização pessoal por parte dos estudantes. Em alguns contextos escolares, como o caso da escola onde trabalho, muitos estudantes não chegam ao Ensino Médio com autonomia na organização de seus materiais e informações acadêmicas. No Novo Ensino Médio (NEM), são cerca de 15 componentes curriculares, alguns trimestrais, outros semestrais, cada qual com seus métodos e avaliações. Muitos estudantes ficam atordoados com a quantidade de informações novas e carecem de estratégias para auto regulação quanto ao que precisa ser feito.

Essa é uma questão que muito tem me preocupado e acredito ser essencial para a aprendizagem. Assim, nas turmas nas quais fiquei como responsável pelo componente de “Projeto de Vida”, iniciei o ano letivo com uma série de recursos e orientações para a organização dos estudantes para com os seus estudos e outras atividades.

Primeiramente, apresentei aos estudantes as 4 grandes áreas do conhecimento (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas), os componentes que compõem cada uma e seus respectivos objetos de estudo. Na ocasião, também discutimos o que seria interdisciplinaridade. Nos itinerários do NEM, os estudantes precisam escolher as áreas de aprofundamento e também disciplinas eletivas, no entanto, grande parte desconhece o objeto de estudo das áreas, o que os confunde bastante na hora de escolher.


Em outro momento, conversamos sobre ferramentas que podem nos auxiliar na organização pessoal e para os estudos, como agendas, planners, listas e aplicativos. Nessa ocasião, surgiu a questão da alta demanda que os estudantes estão sentindo nessa nova fase (mudança do Ensino Fundamental para o Ensino Médio) e a ansiedade que essas novidades geram, além do sentimento de incapacidade e baixa autoestima. Para lidar com essa questão, trabalhamos a importância do planejamento para “tirar da mente e colocar no papel” o que foi e o que precisa ser feito, a fim de minimizar o ato de “ruminar” sobre passado e futuro. Assim, entreguei aos educandos dois modelos de planner que podem ser facilmente impressos ou reproduzidos em uma folha de papel. A ideia é que eles possam criar o hábito de anotar e conferir os compromissos, uma vez que já possuem uma grande quantidade de atividades e informações para gerenciar.

Os modelos de planner semanal e planner mensal você pode baixar aqui: https://drive.google.com/file/d/1LgJAw6DYmijGFpNuxpUg_DpC35aUUkH7/view?usp=sharing

Além dos planners que visam planejar o que vem pela frente, apresentei aos estudantes também a Planilha de Hábitos, uma ferramenta sobre a qual já comentei neste espaço e que utilizo muito na minha própria organização pessoal. Trata-se de uma lista de atividades que se quer reforçar e registrar os dias em que são realizadas, como uma “recompensa” (ver quantas coisas realizou por dia) e também para ter uma visão ampla do que se tem feito ou não e assim poder planejar estratégias posteriores. No primeiro mês, montei junto com os estudantes quais seriam as suas atividades a serem registradas e conferi semanalmente como eles estavam utilizando o recurso. A partir do segundo mês, os deixei livres para continuarem usando ou não, sempre oferecendo o modelo impresso para quem quiser. É muito legal perceber que alguns estudantes realmente aderem e percebem a importância desses registros. Outros não se interessam em continuar, o que também não tem problema, pois cada um tem seu tempo para perceber a relevância da auto organização.

Foram apresentados aos estudantes também outros recursos para organização pessoal em aplicativos e sites como o Google Agenda, Google Keep, Notion, Todoist, entre outros.

Para finalizar a unidade, trabalhamos a questão do foco e da atenção, o que muito tem preocupado professores e responsáveis, uma vez que se observa a juventude (e não só ela) bastante dispersa, inquieta, com baixíssima tolerância à espera e à frustração. Assim, fizemos uma dinâmica de leitura em conjunto do texto “Preste atenção! Neurociência explica o que você viu mas não viu”, fizemos um debate sobre o uso do celular e autodisciplina no uso de eletrônicos. Por fim, apresentei aos estudantes a estratégia da Técnica Pomodoro na tentativa de “educar” o cérebro a realizar o que a princípio pode não ser prazeroso, mas que é importante ser feito. Finalizamos com um questionário no qual os estudantes escreveram sobre onde dispensam sua atenção e que estratégias utilizam quando precisam focar.

O objetivo deste texto foi compartilhar algumas das estratégias pedagógicas utilizadas para familiarizar os estudantes com métodos de organização pessoal e provocá-los a pensar sobre como estão utilizando seu tempo e dispersando sua atenção, o que é útil não só para os estudantes, mas também para seus familiares e nós professores.

Se você já realizou algo semelhante ou tem sugestões de outras estratégias nessa temática, compartilhe conosco nos comentários. :)

 



16 maio 2020

5 aplicativos para professores em trabalho remoto

Nesta semana completamos 60 dias de aulas presenciais suspensas em Santa Catarina devido à pandemia do novo coronavírus. As aulas no ensino básico foram retomadas de forma não presencial e o trabalho passou a ser remoto.

Nesse período, tivemos que rapidamente pensar estratégias de ensino nessa modalidade. Os desafios e críticas são inúmeros, considerando a dificuldade de acesso igualitário aos meios para participação nas atividades escolares, sem falar na falta de apoio em casa e superação das dificuldades de aprendizagem que já eram presentes.

Com a pressão do discurso “não podemos parar”, seguimos com as atividades escolares por meio de plataformas de ensino, e-mails, WhatsApp entre outros.

O objetivo deste texto é indicar algumas das ferramentas digitais que tenho utilizado para o ensino em tempos de distanciamento social.

*Anchor.fm (celular e computador) - aplicativo para criação e edição de podcasts. Possui vinhetas, transições, possibilidade de importar áudios e editá-los, além de gravar no próprio aplicativo. Ele mesmo faz a distribuição dos episódios criados no Spotify, Google Podcast, Itunes, entre outros.

*CamScanner (celular) - faz o scan inteligente de fotos e documentos em vários formatos.

*DroidCam (celular e computador) - para utilizar a câmera do celular como webcam no computador de mesa. 

*Screencastify (computador) - essa extensão do Chrome proporciona que você grave a tela do computador com a sua voz e imagem ao mesmo tempo. É excelente para revisar exercícios na tela ou explicar uma atividade. 

*Trello (celular e computador) - para organização do planejamento, roteiros de estudos, referências, tarefas etc.

Para videoconferências, tenho utilizado os aplicativos que os locais de trabalho solicitam, como Teams, Cisco Webex Meetings e Google Meet.

Alguma dúvida ou indicação? Envie nos comentários.

Fonte da imagem: https://www.flickr.com/photos/61929320@N04/

Como citar este texto

PEREIRA, Vanessa Souza. 5 aplicativos para professores em trabalho remoto. Contornos Educação e Pesquisa, Florianópolis, 2020. Disponível em: <http://www.contornospesquisa.org/2020/05/5-aplicativos-para-professores-em.html>. Acesso em: dia/mês/ano.


02 dezembro 2019

Estratégias de leitura acadêmica - Recurso virtual

A equipe de produção da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) construiu um Recurso Educacional Aberto (REA) sobre estratégias de leitura de textos acadêmicos. A ideia é auxiliar as pessoas a compreender textos, artigos acadêmicos e científicos, por meio da elaboração de uma ficha de leitura


Clique na imagem para ampliar

A respeito das fichas de leitura (ou fichamentos), veja também o artigo Plágio em trabalhos e relatórios: é preciso entender o que é pesquisa


18 setembro 2019

Gêneros textuais e criticidade

Participei recentemente um curso sobre diferentes gêneros textuais em sala de aula e nele tive a oportunidade de pensar a utilização de 4 diferentes gêneros nas aulas de Sociologia: (1) tirinhas, (2) charges, (3) pinturas e (4) propagandas.
Segue o que analisei como registro e socialização para docentes do componente.  ;)

1. Tirinha

Disponível em: https://canaldosbeatles.wordpress.com/2017/10/17/as-aventuras-de-mafalda-com-os-beatles/

A tirinha de Quino mostra o início de uma movimentação de pessoas em torno de uma informação que Mafalda aparentemente desconhecia, mas decidiu ir junto para ver o que era. Deparou-se com uma multidão cercando uma menina com olhares de espanto e ela, constrangida, com o pensamento “Quem espalhou que eu não gosto dos Beatles?”.
É possível relacionar a tirinha com alguns conceitos da obra de Émile Durkheim, como fato social, instituições sociais, coercitividade e coesão social. A tirinha pode ser um instrumento para ilustrar como ocorre a coercitividade, de modo que quando algo foge dos padrões sociais aceitos no momento, tende a ser considerado motivo de estranhamento, espanto ou perseguição.
No caso, além da coerção ocorrer em torno da menina que não gosta dos Beatles, está presente também quando Mafalda e várias das pessoas ao redor se deslocam para o mesmo ponto aparentemente sem saber do que se trata. Entende-se que a movimentação de uma multidão contribuiu para aguçar a curiosidade de Mafalda sobre o que as movia.
Essas questões podem ser discutidas com mais exemplos do que popularmente se chama de “comportamento de manada” ou “maria-vai-com-as-outras”, fatos sociais presentes no cotidiano dos adolescentes inclusive nos ambientes virtuais.

 2. Charge 


Legenda: “DEUS ACIMA DE TODOS.”
Autor: Savron. Publicada em 23/09/2019 no perfil do artista no Instagram. Disponível no link: https://www.instagram.com/p/B2wjBxlHq_V/?igshid=hf0r6j2z4xtu


A charge de Savron publicada em 2019 retrata uma montanha de corpos de pessoas negras sem feições, ensanguentados e empilhados embaixo de uma representação da estátua do Cristo Redentor. O sangue se acumula na base da pilha de corpos, o que se relaciona com a forma como esses corpos são tratados, mais um em uma montanha. Não há outros elementos ou texto verbal. A crítica da charge remete aos repetidos casos de assassinatos de moradores de comunidades do Rio de Janeiro dominadas pela milícia, o tráfico e a ostensiva presença policial.
Na escrita em ambientes virtuais, letras maiúsculas significam que a pessoa está gritando, o que enfatiza o argumento que a charge traz com a imagem: a relação entre religião, poder, política e a atuação do Estado por meio da ação policial nas comunidades em situação de vulnerabilidade social.
3. Pintura


Pawel Kuczynski é um artista polonês cuja obra nos convida a refletir sobre o modo como utilizando as mídias e novas tecnologias de comunicação e informação.

Ao analisar uma das obras de Kuczynski em uma proposta didática no componente de Sociologia no Ensino Médio, várias questões podem ser discutidas, como o papel social do jornalismo, a grande mídia, as mídias independentes, as dinâmicas das redes sociais, os linchamentos virtuais, entre outros assuntos emergentes decorrentes da relação entre comunicação, novas tecnologias, sociedade e violência.



É possível ainda fazer relação com o texto de Bertold Brecht “Há muitas maneiras de matar”, pensando nas diferentes formas de violência que podem ocorrer nos ambientes virtuais.
“Há muitas maneiras de matar. Podem enfiar-te uma faca na barriga, arrancar-te o pão, não te curar de uma enfermidade, meter-te numa casa sem condições, torturar-te até a morte por meio de um trabalho, levar-te para a guerra, etc. Somente poucas destas coisas estão proibidas na nossa cidade.”

 4. Propaganda

A peça analisada a seguir é uma campanha publicitária de enfrentamento e reflexão sobre a construção social do machismo pelo governo do Equador.


Considerando a visão de Charaudeau (2008), podemos observar que a peça mobiliza o emocional demonstrando a forma como somos impelidos desde antes de vir ao mundo pela família e pela sociedade a seguir determinados padrões de gênero. Tudo o que se refere à menina tem a cor rosa e remete à beleza física, delicadeza e submissão, enquanto o menino utiliza a cor azul e apresenta agressividade, impaciência, inclinação aos esportes e à violência. Ao longo do vídeo estão presentes vários objetos que remetem metaforicamente aos papéis de gênero, como bonecas, roupa de princesa, produtos de beleza, tanque de guerra e armas de brinquedo. A música que embala o comercial tem tom jocoso, o que demonstra como os comportamentos em questão são reproduzidos sem reflexão e com o incentivo das famílias.

As imagens e símbolos não verbais têm grande influência na construção do argumento, especialmente quando os jovens adolescentes recebem um presente: um par de algemas para a menina e luvas de boxe para o menino, remetendo às posições de submissão e opressão, respectivamente. A mensagem não deixa dúvidas que as mulheres estão em posição de desvantagem nessa relação, que vai se desenvolvendo até culminar no matrimônio e a geração de descendentes desse casal.

O narrador é um homem e seu tom é grave, cujo ethos associa a ideia a uma questão urgente a ser pensada por todos os gêneros, ou seja, não é algo apenas de interesse das mulheres. O orador aparece apenas no final do vídeo com o comando “o machismo é um mal que se aprende, está em ti poder eliminá-lo. Reage, Equador, machismo é violência”.

Link para o vídeo: https://youtu.be/NTxUWQ2IE6s

Referência:
CHARAUDEAU, P. Linguagem e discurso: modos de organização. São Paulo: Contexto, 2008.

11 setembro 2018

Bases de dados em Educação


Para uma visão geral de variáveis quantitativas em populações, existem bases de dados nas mais diferentes áreas. Essas bases fornecem acesso a dados produzidos por institutos de pesquisa. 

A propósito, estar sempre atento à fonte dos dados, qual empresa ou instituto é o responsável e que métodos utilizou para produzi-los.

Alguns exemplos de bases de dados que podem ser utilizadas em pesquisas na área de educação:


*Conhece outra(s)? Indique nos comentários. :)

Centro de Políticas Sociais/FGV

Portal organizado pela Fundação Getúlio Vargas, contém pesquisas, bancos de dados, textos, artigos, informações de seminários, entre outros

Consórcio de Informações Sociais (CIS)

Bancos de dados, microdados em SPSS.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Possui os mais diversos dados sobre a população e o espaço brasileiro. A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), por exemplo, é um conjunto de dados amostrais da população, realizado anualmente, em contraponto ao Censo, que é feito uma vez a cada 10 anos e possui diferenças na metodologia.

- IBGE Cidades

Ensino - matrículas, docentes e rede escolar;
Conta com informações referentes à educação superior na América Latina (em espanhol).

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)

Levantamentos estatísticos e avaliativos sobre o sistema educacional brasileiro. Censo Escolar, IDEB, ENEM, Censo da Educação Superior, ENADE.

INEP / EDUDATABRASIL – Sistema de Estatísticas Educacionais

Sistema de Estatísticas Educacionais (Edudatabrasil).
"O sistema reúne dados de matrícula, docentes, infra-estrutura e indicadores de eficiência e rendimento educacional de todos os níveis de ensino. As variáveis estão disponíveis com detalhamento até a esfera municipal e podem, ainda, ser analisadas em diferentes dimensões, de acordo com o interesse do usuário."

Ministério da Educação

Site oficial do MEC, contém as legislações da área, especificações sobre os programas e demais informações oficiais da educação no Brasil;

MEC / SESu – Secretaria de Educação Superior

Portal indispensável para quem realiza estudos sobre Educação Superior


07 junho 2017

Plágio em trabalhos e relatórios: é preciso entender o que é pesquisa

Nos últimos anos tive a oportunidade de acompanhar vários alunos em processo de pesquisa e percebi que muitos não têm plena consciência de que o que estão fazendo é plágio. É fato que não se pode alegar simples desconhecimento, porém esse equívoco geralmente decorre da falta de preparo sobre o que é o processo de pesquisa. Infelizmente no Brasil não é comum que tenhamos a pesquisa como princípio educativo na educação básica. A maior parte das pessoas vai ter acesso ao que é uma pesquisa só na universidade (o que também foi o meu caso e contribuiu para muitos tropeços). Há iniciativas nesse sentido, inclusive de redes públicas de ensino, porém há um longo caminho de investimento.

Assim, o que temos atualmente é uma grande quantidade de pessoas acostumadas com o sistema de transcrição de trechos de enciclopédias ou revistas para a realização de trabalhos escolares e muitas outras que já nasceram na era digital, mas que seguem o mesmo princípio de transcrição, só que sem nem ao menos escrever. Com a facilidade das buscas por textos em ambientes virtuais, a prática de transcrição agora é reduzida ao famoso copiar e colar. Em muitos casos, as pessoas modificam apenas algumas palavras do texto e a partir daí o tratam como um texto “seu”.

Vejo que instituições de ensino muitas vezes enviam alertas sérios sobre o problema do plágio nos trabalhos (hoje facilmente identificáveis com softwares) mas pouco se dedicam a educar sobre o que é plágio. Talvez não seja algo tão bem entendido como se imagina.

Veja a cartilha produzida por uma comissão especializada em avaliação de autoria da UFF (Universidade Federal Fluminense) com explicação e exemplos de plágio. Atenção para os três tipos: integral, parcial e conceitual. Apenas o primeiro tipo se trata de cópia palavra por palavra. 

cartilha plágio
"Print" da primeira página da cartilha (UFF, 2010)
http://www.noticias.uff.br/arquivos/cartilha-sobre-plagio-academico.pdf

Para entender o que é plágio, é preciso entender: o que é pesquisar? Ao refletir sobre o que consiste o ato de pesquisar, o plágio tende a ficar mais evidente e evitável.

Pesquisar é um processo, não se faz na noite do último dia de prazo. Para ter o que escrever, será necessário ler, realmente conhecer o que foi publicado sobre o tema tratado. Aliás, dificilmente haverá um problema de pesquisa bem definido sem leitura, pois a leitura auxilia na percepção de lacunas que se pode examinar com a pesquisa.

25 julho 2013

[Sugestão de artigo] Série de textos sobre a construção de um artigo científico

A revista Epidemiologia e Serviços de Saúde publicou uma série de textos sobre comunicação científica, com autoria de Mauricio Gomes Pereira, professor Emérito de Epidemiologia da Universidade de Brasília. Os textos tratam sobre o artigo científico desde sua estrutura, o preparo até a análise de cada seção. É um bom guia para inspirar o processo - que não é simples.
O professor Maurício é médico, com experiência em Saúde Pública e Epidemiologia. Conhecer o autor é muito importante para interpretar o texto, pois as visões sobre a ciência e seus métodos são variadas e dinâmicas (para cada área do conhecimento e até entre cientistas e pesquisadores da mesma área). 
Os artigos estão disponíveis nos links abaixo:

Pereira MG. Estrutura do artigo científico. Epidemiologia e Serviços de Saúde. v.21 n.2 Brasília jun. 2012. 
Pereira MG. Preparo para a redação do artigo científicoEpidemiologia e Serviços de Saúde. v.21 n.3 Brasília set. 2012.
Pereira MG. A introdução de um artigo científico. Epidemiologia e Serviços de Saúde. v.21 n.4 Brasília dez. 2012.
Pereira MG. A seção de método de um artigo científico. Epidemiologia e Serviços de Saúde. v.22 n.1 Brasília mar. 2013.
Pereira MG. A seção de resultados de um artigo científico. Epidemiologia e Serviços de Saúde. v.22 n.2 Brasília, jun.2013.

14 maio 2011

Estrutura geral de um TCC: elementos textuais, ordenamento e formatação - Um guia básico

Em abril deste ano construí junto com meu amigo Carlos Pagno, professor e orientador metodológico de um curso técnico, um guia para normatização dos trabalhos de conclusão do curso em questão. O guia tinha como objetivo facilitar a vida dos alunos na hora de formatar o trabalho final para conclusão do curso, aproximando-os das normas da ABNT. 

Como este material foi construído com a intenção de criar um padrão de formatação para os trabalhos daquele curso, as normas da ABNT não foram seguidas à risca, no entanto, o conteúdo é muito próximo. Para quem não conhece nada sobre como é a estrutura de um trabalho, como deve ser feita a formatação e precisa de uma luz, vale a pena conferir.

Publicarei os conteúdos em posts distintos, cada um referindo-se a um capítulo do guia. Hoje deixo pra vocês o capítulo sobre a estrutura geral de um trabalho de conclusão de curso, com especificações sobre os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. ;)


1 ESTRUTURA GERAL DO TRABALHO


A estrutura de um trabalho acadêmico compreende: elementos pré-textuais, que antecedem o texto com informações que ajudam na identificação e utilização do trabalho; elementos textuais, que constituem a parte do trabalho em que é exposta a matéria e elementos pós-textuais, que complementam e fornecem as referências do trabalho.
Observe a estrutura no quadro a seguir:





2 ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS