Contornos - Educação e Pesquisa

22 setembro 2024

Coletâneas - Diversidade biocultural na escola

Os livros a seguir são coletâneas de reflexões e discussões elaboradas por membros do Laboratório de Ecologia Humana e Etnobotânica (ECOHE/UFSC) para uso de professores do ensino básico. As obras destacam a importância dos saberes e práticas de povos indígenas e comunidades tradicionais e contêm planos de aula e relatos de experiência que buscam incentivar a discussão e vivência da ciência entre crianças e adolescentes.

Ambas estão disponíveis no site: https://www.etnobiologia.org/editora

É uma obra escrita a muitas mãos, fruto de reflexões e discussões que emanam das trajetórias e vivências de pesquisa de integrantes do Laboratório de Ecologia Humana e Etnobotânica (ECOHE/UFSC). Tais reflexões trazem para um primeiro plano a importância dos saberes, conhecimentos, práticas e perspectivas de povos indígenas, povos e comunidades tradicionais e locais. Esperamos que este material de apoio para professores e professoras do Ensino Fundamental contribua também como um incentivo para que a ciência seja discutida e vivenciada de forma profunda com as crianças e os adolescentes, e que possibilite a formação de sujeitos críticos e com potencial transformador
 
O livro tem sua gênese nos trabalhos finais de um curso de formação online sobre o livro original "Diversidade Biocultural na Escola - reflexões e práticas para professoras e professores". A qualidade dos trabalhos finais do curso e a riqueza das trocas de experiência nos encontros síncronos motivaram os organizadores a estruturar um segundo livro com a participação dos cursistas e a construção deste volume teve como desafio fazer a costura entre as trocas e reflexões de educadores e educadoras em contextos distintos. Neste livro cada leitor pode ler os capítulos na ordem desejada. No entanto, a organização está em ordem crescente de ano escolar, começando por um plano aplicável para todos os anos, seguido de planos direcionados para os anos do ensino fundamental e médio. Assim, esperamos que essas atividades e propostas sirvam como inspiração e como um convite para outras atividades serem pensadas e desenvolvidas, ajustadas a cada contexto, mas sempre respeitando a riqueza da diversidade biocultural brasileira.



17 julho 2024

Outras leituras de 2024/1

O desejo de escrever mais aqui neste espaço não pode ser realizado como eu gostaria neste primeiro semestre de 2024, com 40 aulas na escola, estudos e muitas horas semanais em deslocamentos. No entanto, justamente nos deslocamentos, estou tentando usar menos o celular e ler mais livros de literatura. Tenho procurado livros que eu realmente quero ler, sem estarem relacionados ao trabalho (ainda que também estejam), para realmente me divertir com isso. Fazer coisas que não sejam deveres ou necessariamente produtivas são um desafio pra mim, que me acostumei com uma rotina frenética e cheia de demandas que depois de décadas deixam suas marcas. 

Enfim, esta postagem tem como objetivo apresentar algumas leituras não acadêmicas que realizei neste 2024/1 e que sugiro a todos, especialmente a professores que estiverem em seu recesso :)

 São eles:

"O avesso da pele" de Jeferson Tenório
"Hibisco roxo" de Chimamanda Ngozi Adichie
"O filho de mil homens" de Valter Hugo Mãe
"Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra" de Mia Couto
"Ponciá Vicêncio" de Conceição Evaristo

 

 

Obs.: Caso o/a leitor/a queira adquirir algum dos livros, comprando por esses links estará ajudando este site. :)

12 fevereiro 2024

Como começar uma revisão bibliográfica ou sistemática

Sabemos que em uma pesquisa acadêmica é necessário realizar uma revisão de literatura sobre o tema que envolve o objeto de pesquisa. Em um artigo sobre as causas do plágio em trabalhos acadêmicos, tratei sobre a importância da pesquisa na construção de um trabalho, ainda que simples, para que “tenhamos o que dizer” nos trabalhos que apresentamos. (Veja em: Plágio em trabalhos e relatórios: é preciso entender o que é pesquisa). No entanto, o que é e como fazer uma pesquisa bibliográfica? Por onde começar e como buscar as bases teóricas de uma pesquisa? E o que é uma revisão sistemática?

Primeiramente é preciso destacar que o processo de pesquisa não é linear, apesar de poder ser sistematizado. Trata-se de um vai e vem na medida em que se lê, experimenta visões e entra em confronto com ideias diversas. A definição do objeto fica mais amadurecida depois de algumas leituras, sendo que parte dessas serão bases para se aprofundar e outras são descartadas ao longo do caminho.

Severino (2007) distingue 3 fases do amadurecimento de um trabalho: (1) a fase da invenção, da descoberta e da formulação de hipóteses; (2) a pesquisa em si, podendo ser experimental, de campo e/ou bibliográfica e (3) a formulação amadurecida com o levantamento de fontes e documentos. Assim, há um percurso de exploração, leitura e amadurecimento da proposta e das percepções do pesquisador-autor, para daí se produzir um trabalho acadêmico.

As pesquisas acadêmicas são também pesquisas bibliográficas, pois sempre retomam as bases do tema a ser tratado. Algumas são apenas bibliográficas e outras e realizam também a pesquisa empírica, com dados construídos em trabalho de campo. De acordo com Severino (2007)

A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível de pesquisas anteriores em documentos impressos como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes nos textos (p.122).

A escolha sobre as fontes da pesquisa bibliográfica vai depender de um conhecimento básico sobre o tema e seus fundamentos, de autores clássicos até os mais atuais. Muitas vezes o/a professor/a orientador/a traz algumas sugestões, mas cabe ao estudante também buscar as bases do tema (se já não o conhecer) em planos de ensino das disciplinas relacionadas e referências de trabalhos estudados. O nível de aprofundamento depende do tipo de pesquisa que está sendo realizada (artigo, TCC, dissertação ou tese).

Já em uma pesquisa bibliográfica sistemática, revisão sistemática ou metapesquisa utiliza de palavras-chave e busca de trabalhos em bases de dados, com recortes e filtros como período de publicação, área de estudos, entre outros. Pode haver diferenças procedimentais em cada uma das nomenclaturas e abordagens conforme os autores, mas basicamente apresentam o uso de palavras-chave para busca em bancos de dados e critérios de exigibilidade , ou seja, o que seja incluído ou não na lista de estudos a serem lidos. Essa busca pode ser realizada tanto em bibliotecas quanto em bases de dados digitais (ver exemplos mais adiante).

A leitura dos estudos de revisão sistemática é guiada por perguntas pré definidas que são feitas para cada estudo, conforme o problema de pesquisa. Por exemplo, em um artigo que foi publicado em 2015, realizei uma pesquisa sistemática sobre o que outros estudos dizem sobre a formação de professores para a gestão democrática na escola. Com as leituras, foram formadas categorias a partir dos achados, que depois foram sistematizadas em anotações e arquivos.

No exemplo, realizamos um levantamento junto ao Banco de Teses e Dissertações Capes das produções referentes aos anos de 2011 e 2012. Observamos que, nesse período, foram defendidas 25 dissertações e 4 teses com os termos gestão democrática da educação, gestão escolar democrática e gestão democrática na escola. A intenção era verificar, inicialmente, através dos resumos, os temas e objetos investigados nas pesquisas, além de seus resultados, buscando compreender as tendências na efetivação da gestão democrática na escola. 
 
Apenas com a leitura dos resumos dessa amostra foi possível perceber que nenhum dos trabalhos abordava a relação entre formação inicial de professores e gestão escolar democrática, o que nos trouxe um dado importante para mais questões de pesquisa e aprofundamento. No trabalho completo é possível ver como trabalhamos com a revisão sistemática para entender os caminhos das pesquisas sobre gestão democrática na escola: A gestão escolar democrática na formação inicial do professor: elementos teóricos para pensar a formação política do professor da educação básica

Algumas bases de dados digitais de material bibliográfico mais comuns no Brasil:
  • SciELO - Brasil - É um portal que reúne acesso aos principais periódicos científicos do país, organizados por temas e áreas de conhecimento.
  • LILACS - bvsalud.org - Um abrangente índice da literatura científica e técnica da América Latina e Caribe.
  • Portal de Periódicos da CAPES - Uma plataforma digital que oferece acesso a uma vasta gama de periódicos científicos, artigos, revistas, e outras fontes de informação acadêmica. Desenvolvido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
  • Catálogo de Teses & Dissertações - CAPES - Trata-se de um repositório de dissertações e teses defendidas em universidades brasileiras s, também desenvolvido pela CAPES.

A biblioteca da UDESC elaborou um material informativo sobre revisão sistemática, um guia para quem quer se aprofundar nessa metodologia de pesquisa. Veja em: https://www.udesc.br/bu/manuais/rsl

Existe outro tipo de pesquisa que pode se confundir com a pesquisa bibliográfica que é a pesquisa documental. Trata-se de uma outra metodologia que envolve práticas próprias. Sobre a pesquisa documental, veja este outro artigo: Pesquisa Documental: utilização e abordagens metodológicas

Enfim, muito se poderia falar sobre pesquisa bibliográfica e sistemática, no entanto, o objetivo aqui é aproximar ou reaproximar as pessoas dos procedimentos de pesquisa acadêmica e mais leituras podem ser necessárias para o aprofundamento da compreensão.


Referência:

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23.ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007.

04 fevereiro 2024

Como referenciar figuras e imagens (II) - Imagens geradas por IA

A citação de figuras e imagens geradas por inteligência artificial (IA) em trabalhos acadêmicos segue as mesmas diretrizes básicas de citação para qualquer outra imagem (ver Como referenciar figuras e imagens). No entanto, ainda que o comando seja executado por você, é importante reconhecer que as figuras e imagens geradas por IA são criadas por uma ferramenta específica e podem existir diferenças e particularidades entre essas ferramentas, sendo, portanto, essencial mencioná-las.

Ao utilizar essas imagens, é fundamental destacar as considerações éticas associadas ao uso de IA. Mesmo em uma apresentação de slides, o rigor deve ser o mesmo de um trabalho escrito. O quanto essa imagem é importante para o seu trabalho? A imagem “cabe” para o contexto? Há alguma imagem “real” que possa substituí-la? Estou sendo transparente quanto às informações da imagem? São algumas perguntas a se fazer quando utilizar imagens criadas por IA.


Aqui estão algumas orientações gerais para as referências de figuras ou imagens geradas por IA ou algoritmos em geral:

No título da figura:

Inclua informações sobre a descrição da imagem. Por exemplo, "Figura 2: representação de um pesquisador em trabalho de campo."


Na legenda da figura:

Inclua informações detalhadas sobre a ferramenta de IA ou o algoritmo utilizado. Por exemplo, "Fonte: gerado por [Nome da Ferramenta de IA] em dd/mm/aaaa."


No texto:

Mencione a autoria como "imagem gerada por [Nome da Ferramenta de IA]" ou "Figura gerada por algoritmo de inteligência artificial."


Exemplo:

Figura 1: Representação de uma cientista utilizando mecanismos de inteligência artificial.
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Fonte: gerada por IA. Plataforma DALL·E 3. Em 2 de fevereiro de 2024.


Lembre-se de consultar as diretrizes de citação do estilo escolhido para garantir que você esteja seguindo todas as regras específicas dessas normas. Além disso, se a ferramenta de IA ou o algoritmo usado tiver um artigo ou documentação oficial, você pode incluir essa fonte na lista de referências para fornecer mais contexto sobre como a IA foi treinada e desenvolvida.

O uso de inteligência artificial em trabalhos acadêmicos é um tema que ainda estamos compreendendo e, por enquanto, essas indicações seguem princípios gerais de uma pesquisa científica como transparência, rigor, coerência e confiabilidade. É possível que algumas diretrizes mudem com o tempo e desenvolvimento de nossa compreensão, assim, atente à data de publicação e atualizações desta postagem. ;)