Os números “falam” e são frequentemente utilizados como base para análises também nas Ciências Sociais. Contudo, nem mesmo sendo numéricos os dados são absolutos, eles são interpretados pelo pesquisador, que enfatiza as informações e faz as inferências mais relevantes para o seu objeto. Isso significa que uma análise de dados varia conforme os objetivos e paradigmas da pesquisa e do pesquisador. Os mesmos dados, analisados por diferentes pesquisadores em contextos diversos, resultarão em análises distintas. A seguir, algumas recomendações ao se trabalhar com dados quantitativos, lições que fui acumulando ao longo dos anos.
Gráficos e tabelas são ferramentas muito úteis para o trabalho de pesquisa. Um gráfico bem construído e esteticamente agradável pode clarear dados que ficariam confusos em uma tabela ou descritos ao longo do texto. Já as tabelas organizam dados quantitativos e remetem a um total, o que também pode facilitar a demonstração dos dados.
Gráficos e tabelas são ferramentas muito úteis para o trabalho de pesquisa. Um gráfico bem construído e esteticamente agradável pode clarear dados que ficariam confusos em uma tabela ou descritos ao longo do texto. Já as tabelas organizam dados quantitativos e remetem a um total, o que também pode facilitar a demonstração dos dados.
Conforme descrito no post sobre a formatação de tabelas e quadros, as tabelas remetem a dados numéricos ou estatísticos (enquanto os quadros são para dados textuais), ou seja, uma tabela pode vir a se transformar em um gráfico. Dependendo da configuração da tabela e da complexidade dos dados, pode ser melhor transformá-la em um gráfico, para exemplificar de maneira mais didática, principalmente quando se tratam de comparações.
Fonte: Dicionário Priberam |
- Só mostrar ao leitor os números encontrados não é análise, é descrição. Analisar é fazer inferências, ou seja, a partir do dado, problematizar as causas e consequências do fenômeno, por que a distribuição se deu dessa forma, que outros fatores podem estar envolvidos etc. Utilize também referências de outros autores para fundamentar essas inferências.
- Uma tabela ou gráfico não se explica sozinho. O mais importante é a relatoria do autor e sua interpretação sobre esses dados. Dependendo do que for, nem precisa colocar a tabela no texto, só comentar sobre os dados (apontando de onde vieram). Tabelas e gráficos existem apenas para ilustrar o que você já mencionou no texto.
Vejamos o exemplo abaixo (Gráfico 01); se apresentássemos os dados desse gráfico em uma tabela, seria bem menos clara a compreensão da proporção de celulares pré-pagos com relação aos pós-pagos. Observe como o gráfico demonstra bem essa diferença.
Gráfico 01
- Lembre-se que tanto uma tabela quanto um gráfico não podem estar "flutuando" no texto. Além de fazer sentido junto ao contexto, este elemento precisa ser referido e comentado. Tratando-se do gráfico acima, além de mencionar "Conforme dados do Gráfico 01..." ou "No que se refere à distribuição entre planos de telefonia móvel no Brasil (Gráfico 01)...", é interessante também discutir esses dados, e não somente apresentá-los. Discorrer brevemente sobre as possíveis causas e consequências de tal fenômeno (se possível, com alguma referência que corrobore com a sua afirmação/proposição) e levantar questões sobre esses dados enriquece o trabalho, demonstra um bom conhecimento sobre o tema e que você está atento para procurar não cometer generalizações.
- Ao ler sobre os dados de uma tabela, é desagradável para o leitor ver novamente no texto tudo o que já está escrito na tabela. Portanto, tente interpretar as proporções de uma forma mais interessante. Você pode dizer “um quarto” em vez de 25%, “1 a cada 5” no lugar de 20% ou “quase metade” para 47%.
- Se você for construir uma tabela, não basta apenas demonstrar os valores absolutos, mas também a porcentagem, que dá uma melhor ideia da distribuição geral.
Exemplo de tabela com frequência e porcentagem. |
- Às vezes podem faltar informações para fazer interpretações sobre os dados. Outras variáveis podem ajudar. Cabe ao pesquisador ter iniciativa para buscar maiores informações dentro e fora do banco de dados que está estudando.
- Trabalhando com bancos de dados grandes, é possível que você encontre muitas variáveis interessantes, porém é recomendável manter o foco apenas no que esteja diretamente relacionado com os objetivos da sua pesquisa.