Contornos - Educação e Pesquisa: 2017

27 agosto 2017

Tecnologia educacional e deficiência intelectual no ensino básico: sugestão de recurso

Tecnologia educacional nas escolas rompe barreiras e promove inclusão entre crianças e jovens com deficiência intelectual
*Este texto foi produzido por Ana Odorizzi, Giseli Silva Liliane Peres e Vanessa Souza

A presença cada vez maior de alunos com deficiência intelectual na educação básica está levando as escolas a adaptarem seus conceitos pedagógicos. No entanto, apesar da inclusão de crianças e jovens com algum tipo de deficiência nas escolas regulares ter aumentado nos últimos anos, são grandes os desafios para prepará-las para os educandos.

O sociólogo brasileiro José de Souza Martins ressalta que o que acontece de fato não é a exclusão – o que existe são processos sociais, políticos e econômicos excludentes, que geram uma inclusão precária e instável. Isto é, discutir a exclusão é muito mais falar sobre o que não está acontecendo, a ausência de inclusão. Nesse contexto, muitas das crianças e adolescentes com deficiência sequer são considerados estudantes – são os “alunos de inclusão”, aqueles que simplesmente estão na aula e que frequentemente realizam atividades de forma segregada dos demais. É isso que chamamos incluir?

A discussão é a respeito da inclusão é densa e uma construção constante. Por ora, nossa intenção é chamar a atenção a respeito de um aplicativo/software educacional de apoio ao ensino da Matemática.

somar
Fonte: http://www.projetoparticipar.unb.br/somar

Somar é um aplicativo produzido pelo Projeto Participar da UNB (Universidade de Brasília) que contempla atividades que possuem aplicabilidade prática dos números, usabilidade de cédulas monetárias e de calculadora para efetuar transações comerciais, bem como o uso de relógio digital para o ensino de horários cotidianos do estudante.

19 junho 2017

O que fazer quando não se sabe o ano da publicação? Citações e referências


O ano da publicação é uma informação imprescindível para a referência de qualquer material. A ABNT 6023 (2002) coloca deve sempre haver uma indicação de ano da publicação, ainda que aproximada. Pode ser também o ano da distribuição, da impressão, da patente ou outra data significativa para a obra. Nesses casos, especificar. Se a data não puder ser determinada, em último caso, inserir uma data aproximada entre colchetes, como nos exemplos a seguir:

  • [1965?] - data provável
  • [1973] - quando se sabe que é desse ano, mas não está indicado no item
  • [1982 ou 1983] - um ano ou outro
  • [entre 1906 e 1912] - utilizar somente intervalos menores de 20 anos
  • [195-] - quando se sabe que é dessa década, mas não está indicado no item
  • [195-?] - década provável
  • [18--] quando se sabe que é desse século, mas não está indicado no item
  • [18--?] - século provável

O mesmo é aplicado quando se tratam de referências publicadas em meio virtual. Os números em colchetes vão assim também na referência dentro texto no sistema autor-data. Por exemplo, (ALECRIM, [2012?]) ou  OLIVEIRA ([200-]). Não é usual e deve ser evitado. O sistema é uma alternativa para que de alguma forma haja informação sobre a obra no tempo, no entanto, é para ser utilizado somente se não foi possível obter mais informações e após pesquisa sobre a origem da referência.

Dúvidas? Envie nos comentários.

Referência:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6023: Informação e documentação - Referências - Elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

Foto por Kikabu - https://www.flickr.com/photos/28778836@N08/

07 junho 2017

Plágio em trabalhos e relatórios: é preciso entender o que é pesquisa

Nos últimos anos tive a oportunidade de acompanhar vários alunos em processo de pesquisa e percebi que muitos não têm plena consciência de que o que estão fazendo é plágio. É fato que não se pode alegar simples desconhecimento, porém esse equívoco geralmente decorre da falta de preparo sobre o que é o processo de pesquisa. Infelizmente no Brasil não é comum que tenhamos a pesquisa como princípio educativo na educação básica. A maior parte das pessoas vai ter acesso ao que é uma pesquisa só na universidade (o que também foi o meu caso e contribuiu para muitos tropeços). Há iniciativas nesse sentido, inclusive de redes públicas de ensino, porém há um longo caminho de investimento.

Assim, o que temos atualmente é uma grande quantidade de pessoas acostumadas com o sistema de transcrição de trechos de enciclopédias ou revistas para a realização de trabalhos escolares e muitas outras que já nasceram na era digital, mas que seguem o mesmo princípio de transcrição, só que sem nem ao menos escrever. Com a facilidade das buscas por textos em ambientes virtuais, a prática de transcrição agora é reduzida ao famoso copiar e colar. Em muitos casos, as pessoas modificam apenas algumas palavras do texto e a partir daí o tratam como um texto “seu”.

Vejo que instituições de ensino muitas vezes enviam alertas sérios sobre o problema do plágio nos trabalhos (hoje facilmente identificáveis com softwares) mas pouco se dedicam a educar sobre o que é plágio. Talvez não seja algo tão bem entendido como se imagina.

Veja a cartilha produzida por uma comissão especializada em avaliação de autoria da UFF (Universidade Federal Fluminense) com explicação e exemplos de plágio. Atenção para os três tipos: integral, parcial e conceitual. Apenas o primeiro tipo se trata de cópia palavra por palavra. 

cartilha plágio
"Print" da primeira página da cartilha (UFF, 2010)
http://www.noticias.uff.br/arquivos/cartilha-sobre-plagio-academico.pdf

Para entender o que é plágio, é preciso entender: o que é pesquisar? Ao refletir sobre o que consiste o ato de pesquisar, o plágio tende a ficar mais evidente e evitável.

Pesquisar é um processo, não se faz na noite do último dia de prazo. Para ter o que escrever, será necessário ler, realmente conhecer o que foi publicado sobre o tema tratado. Aliás, dificilmente haverá um problema de pesquisa bem definido sem leitura, pois a leitura auxilia na percepção de lacunas que se pode examinar com a pesquisa.

01 junho 2017

Sobre uso de fotografias em relatórios e trabalho acadêmicos

Conforme vimos no post anterior, a fotografia foi inventada há cerca de 180 anos e ainda hoje é essencial para nossa comunicação e memórias pessoais e coletivas, além de provocar novas questões sociais com as inovações tecnológicas na área.

Por wildolive, 2010,
https://www.flickr.com/photos/molliejohanson/
A fotografia também é elemento importante para muitos trabalhos acadêmicos de praticamente todas as áreas do conhecimento. Muito se fala sobre a adequação do texto às normas, mas e as fotografias? 

Considerando fotografia aqui como retrato, imagem produzida por um/a fotógrafo/a e uma câmera (o que é diferente de figuras ou ilustrações) é preciso ter em mente que um dos pressupostos básicos para a existência das normas para trabalhos acadêmicos é a proteção da autoria e confiabilidade das informações na produção de conhecimento.

Neste blog há uma postagem específica sobre como indicar a descrição e a fonte de imagens utilizadas em trabalhos acadêmicos, o que também serve para a fotografia. [Como referenciar figuras e imagens] No entanto, a utilização de fotografias contém algumas questões a mais que considerei pertinentes para ampliar a discussão.

Quando utilizar uma fotografia em um trabalho, primeiramente, você deve saber, no mínimo, o nome de quem fotografou (pode ser o nome artístico), quem tem os direitos dessa fotografia, por exemplo, jornal ou agência de notícias e o ano em que foi tirada (se tiver a data completa, melhor). Apenas indicar o site de onde você buscou (especialmente em um trabalho que não é virtual) não é suficiente sem essas informações. Já para publicações na internet e em apresentações, as pessoas costumam ter menos cuidados e tenho visto que é aceitável incluir imagens sem colocar a fonte. No entanto, insisto que é importante colocar sempre as informações de autoria junto à foto, mesmo que não tenha todas.

30 maio 2017

Fotografia e sociedade: questões básicas para a discussão sobre o uso de fotografias em trabalhos acadêmicos

Imagine o mundo antes da fotografia. Para reproduzir concretamente uma imagem vista pelos olhos, era necessário realizar uma pintura ou desenho. Joseph Niepce, inventor francês, foi um dos primeiros a realizar experimentos com sucesso, ainda no final do século XVIII. Só em 1826 foi possível a primeira fotografia de fato, ainda com uma qualidade muito baixa e processo de confecção bastante trabalhoso e demorado. (1)

A primeira fotografia, produzida em 1826.
Fonte: http://dcl.umn.edu/ (Domínio público)
Por ser um evento raro na vida da maioria das pessoas da época, muitas só tiveram seu retrato produzido após a morte. É o caso das fotos post mortem, comuns no século XIX. Para nós, hoje, parece assombroso, mas na época era uma forma muito comum de obter uma última lembrança de um ente querido falecido, além de ser um dos raros momentos em que se conseguia reunir toda a família. Eram muito comuns também as fotos post mortem de crianças, devido à alta mortalidade infantil da época. (2)

A fotografia, apesar de inicialmente só ser acessível a famílias de grande poder aquisitivo, pouco a pouco passou a ser elemento cada vez mais importante para a história e as memórias pessoais, coletivas e institucionais, proporcionando uma forma de registrar acontecimentos e produzir patrimônio cultural para a humanidade.

Os filmes coloridos passaram a ser utilizados em larga escala a partir dos anos 1970, até o lançamento do método digital. Foi um salto muito significativo para a fotografia, pois modificou três questões importantes: (a) não há mais a dependência da quantidade de “poses” de um filme; (b) poder imprimir as fotos e não ser necessário o processo revelação, o que torna mais barata e rápida a materialização da fotografia. Além disso, (c) com a fotografia digital é possível ver a foto antes de imprimir, podendo mantê-la ou excluí-la.

Atualmente, após 180 anos do início da fotografia, a maior parte das pessoas dos centros urbanos do mundo possuem um aparelho smartphone com câmera digital, permitindo produzir inúmeras fotografias e publicá-las em seguida. À propósito, o processo de publicação e compartilhamento em redes sociais já tem substituído a impressão das fotos digitais. Está ficando cada vez mais raro que tenhamos as fotos em papel.